Os moradores de Santa Filomena, no Sertão do Araripe, estão enfrentando uma grave crise no abastecimento de água. Mesmo sem receber água com regularidade em suas torneiras, a população continua sendo obrigada a pagar a conta da Compesa. O valor cobrado, mesmo sem o fornecimento adequado, pesa ainda mais no bolso das famílias, que já estão arcando com custos extras para garantir o mínimo necessário para sobreviver.
Com o abastecimento praticamente inexistente, a única alternativa tem sido o uso de carros-pipa. Cada mil litros de água, custa em média, R$ 25,00 – um valor alto, especialmente para comunidades de baixa renda. A água, essencial para a vida, tornou-se um artigo de luxo.
A situação se agrava com a postura adotada pela própria Compesa. Segundo denúncias, a empresa estaria burlando uma recomendação do Ministério Público, que determina que, caso não haja abastecimento por um período de 30 dias, o consumidor não deve ser cobrado. Para evitar o descumprimento legal, a companhia libera água por menos de 24 horas em um dos dias do mês – geralmente próximo da data de vencimento da conta – como forma de “cumprir” a obrigação, embora essa liberação seja insuficiente para atender qualquer demanda real.
Essa prática, considerada desrespeitosa com os direitos do consumidor e da população, tem revoltado os moradores e levantado questionamentos sobre a fiscalização e o papel da Compesa diante de uma crise que já se arrasta há muito tempo no município.
Enquanto isso, os pipeiros, muitas vezes criticados, estão apenas garantindo seu sustento e desempenhando um papel essencial para que a população não entre em colapso total. São eles que, em meio à escassez, estão assegurando o mínimo de acesso à água potável.
A situação pode se agravar ainda mais. A principal fonte utilizada atualmente pelos pipeiros, a Barragem da Inveja, tem água apenas até o final de setembro, segundo informações locais. A alternativa será buscar água na Barragem do Amparo, localizada próximo ao Distrito do Socorro – o que certamente encarecerá ainda mais o custo do abastecimento.