A Casa do Estudante de Pernambuco (CEP), prestes a completar 94 anos de existência, é muito mais que um prédio histórico localizado no Recife: é símbolo de luta, resistência e transformação social para milhares de jovens pernambucanos, especialmente vindos das camadas populares do interior.
Desde sua fundação, a CEP tem sido um verdadeiro porto seguro para estudantes que deixam suas famílias, suas cidades e suas raízes para tentar um futuro melhor através da educação. Jovens que chegam a Recife movidos pelo sonho de cursar uma universidade pública contam com o acolhimento da Casa: moradia, alimentação, apoio e, acima de tudo, a chance concreta de permanecer na universidade e vencer as barreiras econômicas que, infelizmente, ainda limitam o acesso ao ensino superior no Brasil.
O impacto da Casa do Estudante vai muito além de seus corredores e dormitórios. Municípios como Ouricuri e outros da região do Araripe já colheram inúmeros frutos dessa experiência. Diversos profissionais que hoje atuam como médicos, advogados, professores, engenheiros e líderes comunitários passaram pela CEP. São histórias reais de superação, onde filhos e filhas de trabalhadores rurais e urbanos encontraram ali o suporte necessário para transformar não apenas suas vidas, mas também suas comunidades.
Infelizmente, essa trajetória de sucesso está hoje sob ameaça. A Casa enfrenta um cenário crítico de abandono e precariedade estrutural:
- Bebedouros quebrados;
- Instalações elétricas instáveis, deixando quartos e áreas comuns sem energia;
- Vazamentos de esgoto e tubulações expostas;
- Infiltrações, mofo e goteiras por toda parte;
- Banheiros danificados, com mictórios e pias destruídos;
- Armários deteriorados e colchões insalubres.
Esse não é apenas um problema de infraestrutura. É um ataque direto ao direito fundamental desses jovens à educação e à dignidade. Eles não estão pedindo luxo — estão pedindo condições mínimas para continuar lutando por seus sonhos.
A CEP não é um favor do Estado — é resultado de conquistas históricas do movimento estudantil e das lutas populares. Cada quarto da Casa guarda histórias de jovens que ousaram sonhar, que enfrentaram a elitização do ensino superior e que provaram que a educação pode ser uma ferramenta poderosa de ascensão social.
Para Ouricuri e a região do Araripe, manter viva essa instituição significa continuar formando gerações de profissionais comprometidos, que levam conhecimento, progresso e esperança de volta às suas comunidades.
Que não reste dúvida: a luta pela revitalização da Casa do Estudante de Pernambuco é uma luta pelo futuro. É uma luta para garantir que jovens de todas as origens tenham as mesmas oportunidades, que o interior continue produzindo talentos e que nenhum sonho seja interrompido pela falta de estrutura.
É hora de o poder público ouvir, agir e investir. A juventude não pode mais esperar.