Neste domingo, 2 de
agosto de 2020, o Blog Mais Araripe presta sua homenagem ao artista que marcou
uma geração de brasileiros durante a ascensão industrial vivida pelo país
durante o século 20 com suas músicas dançantes e virou o maior símbolo da
cultura nordestina.
Após uma batalha de anos pelos problemas de saúde em decorrência
da osteoporose, o Brasil chorava com a morte de Luiz Gonzaga do Nascimento em 2
de agosto de 1989, aos 76 anos de idade. Vítima de uma parada
cardiorrespiratória, o Rei do Baião estava internado no Hospital Santa Joana,
em Recife, Pernambuco, e não resistiu aos procedimentos de reanimação.
Seu corpo, velado na Assembleia Legislativa de Pernambuco,
movimentou visitas de todo o país para a despedida de um ídolo que marcou
gerações brasileiras no século 20, sendo posteriormente enterrado em sua
cidade-natal, em Exu. Marcado pelas composições descrevendo as dificuldades do
sertão nordestino, o grande artista alavancou a cultura popular nordestina aos
olhares nacionais.
Sua carreira meteórica contrastava com o início de vida difícil,
em uma casa de barro batido na Fazenda Caiçara, localizada no povoado do
Araripe. Nascido em 13 de dezembro de 1912, sua influência na música provia
principalmente de seu pai, um trabalhador da roça que, nas horas vagas, se
dedicava ao estudo e prática do acordeão, estimulando o aprendizado do garoto
como uma tradição familiar.
Ainda jovem, Luiz já
se apresentava em bailes e feiras junto de seu pai, sempre fazendo questão de
enaltecer a cultura local e evitar inspirações importadas, principalmente em
uma época que o Brasil começava a consumir, com cada vez mais frequência, itens
da cultura estrangeira com a chegada dos toca-discos, rádios e televisores.
Após uma ameaça de morte do pai da garota, com a qual Luiz
namorava, ele fugiu de Pernambuco, já em Fortaleza, tornou-se militar em 1930 e
viajou o Brasil durante nove anos antes de dar baixa no Rio de Janeiro, visto
que seu foco principal nunca deixou de ser a música.
Por lá, passou a se apresentar em diversos bares e realizar as
primeiras composições, sendo convidado e bem recebido em diversos programas de
rádio e shows de calouros, rendendo um contrato com a gravadora RCA, em 1941.
Foi o início de uma carreira de sucesso, propagando o som de uma região para
todas as cinco regiões do país.
De acordo com a Revista da Cultura, Gonzaga chegou a ser o
artista mais vendido do país, com 200 discos gravados totalizando mais de 80
milhões de cópias comercializadas até o ano de 2012, considerado o primeiro
ídolo popular da música nacional. Em um projeto de divulgação distinto dos
artistas famosos na época — que não costumavam sair do eixo Rio-São Paulo —
Gonzaga fazia questão de rodar o país e manter um preço acessível aos
contratantes.
Com sua influência, Luiz Gonzaga foi eternizado no filme
‘Gonzaga – De Pai pra Filho’, lançado em 2012 contando não apenas a trajetória
do ídolo, mas também sua relação familiar com o filho Gonzaguinha, expressivo
cantor de MPB. Além do filme, o Rei do Baião foi homenageado no mesmo ano pela
escola de samba Unidos da Tijuca, com o enredo “O Dia em Que Toda a Realeza
Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão”, que rendeu o título a
escola.